domingo, 3 de julho de 2011


Por que você assiste Chapolin Colorado?

Joseph Campbell apresentou no livro “The Hero with a Thousand Faces” o arquétipo do herói. Um modelo que se encaixa em praticamente todos os personagens que você possa imaginar (BatmanSupermanJesus CristoNelson Mandela, etc). São três fases: A iniciação do herói (quando ele não está pleno no universo que vive e se entrega à missão); A transformação (quando ele enfrenta seus medos e descobre, na adversidade, do que é capaz); O retorno (quando ele sai do casulo e se torna aquilo que ele nasceu para ser). Mas o Chapolin Colorado não se encaixa nesse contexto. E este é um sinal de que estamos falando de um dos personagens mais inteligentes já criados na América Latina.
Enquanto a maior parte dos heróis são fortes, rápidos, inteligentes, astutos ou com poderes inexplicáveis, o Colorado é o oposto. Fracote, tapado, burro, feio, covarde, desajeitado e o único poder que tem, além das anteninhas de viníl (que detectam a presença do inimigo), são as pastilhas de nanicolina, que o deixam ainda menor e mais frágil. Parece até que falamos sobre um pirado que se veste de vermelho. Mas se isso fosse verdade, como é que esse personagem envolve tantas pessoas (e países) e faz sucesso há mais de 40 anos? A resposta é óbvia:Chespirito é um dos maiores gênios que a televisão já conheceu.
Diferente da maior parte dos diretores de TV (e talvez de outros mercados da comunicação?) Chespirito sabia que uma boa idéia poderia ser executada de forma simples e inteligente. Sem grandes recursos, verbas ou mesmo tecnologia. E não venha me dizer que na década de 70 isso não existia, que eu faço uma lista de filmes que usaram e abusaram disso! :)
Era outra época, com outro foco: onde as piadas ainda não eram associadas a pinto e bunda. E vimos sketches sobre personagens tão importantes da história e da literatura, como Leonardo Da VinciSherlock HolmesSigmund FreudSansãoDom QuixoteNapoleão e outros nomes que provavelmente a geração Bakugan de hoje não faz a menor idéia de quem foram.
Mais do que boas idéias, Chespirito nos ensinou que é por ser fracote, tapado, burro, feio, covarde e desajeitado – defeitos que todos temos – que o Chapolin é um verdadeiro herói. Pois consegue superar seu medo e fazer o que é preciso. E aqueles que não tem medo de nada (segundo o arquétipo de Campbell), não passam de imprudentes. :)
O Chapolin é a prova de que boas idéias superam gerações, falta de verba, de recursos ou até mesmo de equipe. É um fenômeno muito parecido com o que vemos hoje em dia na internet: pessoas com boas idéias, criando conteúdos incríveis e se tornando web celebrities.
Aliás, esse apelido, dado por Agustin Delgado (“La Batalla de los Pasteles”), já fala sobre a genialidade do sujeito: Chespirito é o diminutivo (na fonética deles) de Shakespeare. Isso por conta do nível envolvente e versátil das histórias e personagens que Roberto Gómez Bolaños(o Chespirito) escrevia. Ou vai me dizer que você NUNCA chorou vendo o Chaves ir embora da vila? Eu duvido. :)

Alunos brasileiros estão dez anos atrasados em inclusão digital


PISA: Alunos brasileiros estão dez anos atrasados em inclusão digital


Metade dos estudantes brasileiros está “desconectado” e o País soma uma década de atraso em comparação aos alunos de escolas de países ricos no que se refere ao acesso à computadores e internet. Se não bastasse, as escolas brasileiras estão entre as piores em termos de acesso de seus alunos à informática, o que pode já comprometer a formação de milhares de jovens.
Esse é o resultado do primeiro levantamento PISA feito para avaliar a relação entre os sistemas de ensino e a tecnologia. Segundo o documento, elaborado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), as escolas brasileiras não estão equipadas e o País é o último numa lista de 38 sistemas de ensino avaliados quando o assunto é o número de computadores em escolas por alunos. O Brasil é ainda um dos países mais desiguais em termos de acesso aos computadores e a disparidade continua aumentando.
Apesar de os dados serem de 2009, os pesquisadores acreditam que eles revelam uma imagem da preparação de diferentes sistemas de ensino para enfrentar o século 21 e suas tecnologias. Ela mede o acesso ao computador de um estudante de 15 anos no mundo.
De um total de 65 países avaliados, apenas dez estão em uma situação pior que a do Brasil. Segundo o levantamento, alunos da Romênia, Rússia e Bulgária contam com mais acesso à tecnologia que os brasileiros.
Na média, 53% dos estudantes brasileiro de 15 anos tinham computadores em casa. Há dez anos, essa taxa era de apenas 23%. Apesar do avanço, os números são ainda muito inferiores à média dos países ricos. Na Europa, Estados Unidos e Japão, em média mais de 90% dos estudantes tem um computador em casa.
A taxa de 50% que o Brasil tem hoje é equivalente ao que a média da Europa tinha no ano 2000. O atraso, portanto, seria de dez anos.
Desigualdade
O estudo revela que a média brasileira na realidade esconde uma profunda desigualdade no acesso à informática. Entre a camada mais rica dos estudantes, 86% deles tem computador e internet em casa. A taxa é equivalente aos estudantes dos países ricos.
Mas entre os estudantes com menos recursos no Brasil, apenas 15% tem a ferramenta. A proporção é bem melhor que o cenário do ano 2000. Naquele ano, apenas 1 a cada 100 estudante pobre tinha acesso ao computador e uma série de iniciativas fez o número subir. Agora, são 15 alunos para cada 100 com acesso. Mas segundo a OCDE, a diferença entre os estudantes ricos e pobres no Brasil é uma das maiores do mundo e continua a aumentar, e não reduzir.
Nos países europeus, a diferença entre as duas classes é de menos de dez pontos percentuais. Entre os alunos brasileiros que tem computadores, menos de 30% dos mais pobres tem internet em casa. Nos ricos, eles chegam a 90%.
Escolas
Para Sophie Vayssettes, pesquisadora da OCDE que preparou o levantamento, cabe ao poder público compensar essa disparidade social, dando acesso aos computadores nas escolas. “Muitas famílias não tem renda para ter um computador em casa. Mas políticas devem ser implementadas para permitir uma correção dessa situação e dar esse acesso em locais públicos, como as escolas”, disse ao Estado.
Mas, no caso do Brasil, essa política continua frágil. Hoje as escolas têm um computador para cada cinco alunos, taxa considerada como insuficiente. Na média dos países ricos, as escolas têm um computador para cada dois alunos. Na Austrália, o sistema de educação garante um computador por aluno.
Segundo o levantamento, o Brasil é o último em uma lista de 38 sistemas de ensino a garantir acesso ao computador, superado pela Albânia, Indonésia e Bulgária.
O levantamento mostrou que 62% dos alunos brasileiros frequentam escolas com sérios problemas para garantir acesso de seus estudantes aos computadores. Entre a classe mais pobre, 3 de cada 4 está em escolas com sérias deficiências.
“O aprendizado do uso de computadores é primordial para o futuro desses jovens “, disse Sophie. “Estudos mostram que pessoas com conhecimento de informática têm 25% a mais de chance de encontrar um trabalho. Portanto, preparar os alunos ao século 21 é fundamental para qualquer sistema de ensino”, alertou.
Segundo a pesquisadora, não é apenas com o objetivo de encontrar um posto de trabalho que a informática deve ser ensinada na escola. “Cada vez mais, muito do que fazemos está sendo limitado à internet, como a compra de passagens aéreas. Não ter acesso à computadores também é uma forma de exclusão social “, completou.
Fonte: InfoJovem